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Milton Nascimento




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Milton Nascimento Album


Travessia/Milton Nascimento (1967)
1967
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Catavento (Instrumental)
7.
8.
9.
10.
. . .


Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar

Vou seguindo pela vida, me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço, com meu braço, o meu viver

. . .


Anda, minha gente
Vem depressa, na estação,
Pra ver o trem
Chegar

É dia de festa
E a cidade se enfeita para ver
O trem

Quem é bravo, fica manso
Quem é triste, se alegra
E olha o trem

Velho, moço e criança
Todo mundo vem correndo
Para ver

Rever gente que partiu
Pensando um dia em voltar
Enfim, voltou
No trem

E voltou contando histórias
De uma terra tão distante do mar
Vem trazendo esperança para quem quer
Nessa terra se encontrar

E o trem...

Gente se abrançando
Gente rindo
Alegria que chegou
No trem

. . .


Eu sei que venho lutando
Com essa vida de desvalença
Eu sei que luto sozinha pois
Ninguém nunca me ajudou
Um dia eu largo de tudo
Já não importa nenhuma crença

Se eu morro, eu morro lutando
Sozinha eu vou, sei pra onde vou
Vou, mas quero ir sabendo
Se não vou ter outro amor
E pelas tardes mais frias
Eu vou deixar minha dor

Minha crença morrendo
E minha vida nascendo
Eu vou achar a alegria, eu vou achar
Na luz de um dia nascendo
Eu vou deixar minha dor imensa
Eu vou achar meu carinho

. . .


Meu irmão fala da vida
Eu, irmão, sei que viver é bom
Mas pra ter mundo que quero
Vou deixar corpo na solidão

Vou fazer faca de prata
E vou lutar ‘té morrer
Mas vivendo sei de verdade
Minha gente vai me amar

Meu irmão, vai me seguir
E vai lutar pelo que quer
Senão vai matar, sangue que brilha
E parar força que vai mudar

Ver no chão tua esperança
Larga atrás tua prisão
Esta areia vai te matando
Tira a paz do coração

Venha, esta areia já está queimando
Pára e vê o sol chegando
Tua gente vai ficar feliz

Anda, novo dia está nascendo
Liberdade já está chegando
Nossa gente sabe que está rindo
Nosso canto que é de paz

E vai ter gente vinvendo
Gente enfim vai ser feliz
E vais ver que nesta vida
Mesmo a dor vai te sorrir

Anda, novo dia está nascendo
Liberdade já está chegando
Nossa gente sabe que está rindo
Nosso canto que é de paz

E vai ter gente vinvendo
Gente enfim vai ser feliz
E vais ver que nesta vida
Mesmo a dor vai te sorrir

. . .


Trabalhando o sal
É amor, o suor que me sai
Vou viver cantando
O dia tão quente que faz
Homem ver criança
Buscando conchinhas no mar
Trabalho o dia inteiro
Pra vida de gente levar

Trabalhando o sal
É amor, o suor que me sai
Vou viver cantando
O dia tão quente que faz
Homem ver criança
Buscando conchinhas no mar
Trabalho o dia inteiro
Pra vida de gente levar

Água vira sal lá na salina
Quem diminuiu água do mar
Água enfrenta o sol lá na salina
Sol que vai queimando até queimar

Trabalhando o sal
Pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa
Encontrar a família a sorrir
Filho vir da escola
Problema maior de estudar
Que é pra não ter meu trabalho
E vida de gente levar

Água vira sal lá na salina
Quem diminuiu água do mar
Água enfrenta o sol lá na salina
Sol que vai queimando até queimar

Trabalhando o sal
Pra ver a mulher se vestir
E ao chegar em casa
Encontrar a família a sorrir
Filho vir da escola
Problema maior de estudar
Que é pra não ter meu trabalho
E vida de gente levar

. . .

Catavento

[No lyrics]

. . .


No sertão da minha terra
Fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força
Parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro
E ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada
De viola em vez de enxada

Filho do branco e do preto
Correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro
Crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho
De água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada
Conta histórias prá moçada

Filho do senhor vai embora
Tempo de estudos na cidade grande
Parte, tem os olhos tristes
Deixando o companheiro na estação distante
„Não esqueça, amigo, eu vou voltar!“
Some longe o trenzinho ao deus-dará

Quando volta já é outro,
Trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
Linda como a luz da lua
Que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor,
E agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada,
Já não brinca mais – trabalha . . .

. . .


Deperta, minha amada
Linda como a terra
E vem pelos campos
Com mil vivas ao redor

Já vem junto com o luar
E traz no cabelo a flor
Vem para me encontrar

Vê, meu amor, a roda de flores
É a despedida gira, girou
A roda de palmas
Levou nosso amor

Mas seu sorriso triste
Que a lua enfeita
Fala de outras cores
De uma gente sem cantar

E a, e a roda em flor
E vou levar a voce
Meu pranto e triste
Amor

. . .


Quase triste
Em meio a noite
Uma voz
Cantando amor

Um carinho em cada frase
E a vontade de se dar
Ouço a tudo e meu silêncio
Traz Maria junto a mim

Minha vida, meu trabalho
Tudo feito pra Maria
A Maria toda hora
A Maria atras do som
Da cor, do dia de cantar

Minha fé
Minha vida
Meu trabalho
Tudo feito pra Maria
A Maria atras do som
Atras da cor

Madrugada, quase dia
O lamento emudeceu
Dá lugar a toda gente
Que vem vindo devagar

E essa gente ´
É tão Maria

. . .


Tanta gente no meu rumo
Mas eu sempre vou só
Nessa terra desse jeito
Já não sei viver
Deixo tudo deixo nada
Só do tempo
Eu não posso me livrar
E ele corre para ter
Meu dia de morrer

Mas se eu tiro do lamento
Um novo canto
Outra vida vai nascer
Vou achar um novo amor
Vou morrer só quando for
Ah, jogar no meu braço no mundo
Fazer meu Outubro de homem
Matar com amor essa dor
Vou fazer desse chão minha vida
Meu peito é que era deserto
O mundo já era assim

Tanta gente no meu rumo
Já não sei viver só
Foi um dia e é sem jeito
Que eu vou contar
Certa moça me falando alegria
De repente ressurgiu
Minha história está contada
Vou me despedir
Minha história está contada
Vou me despedir

. . .


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