Music World
 
Find Artists:
 
 
 
Russian versionSwitch to Russian 
Chico Buarque




Music World  →  Lyrics  →  C  →  Chico Buarque  →  Albums  →  Chico Buarque de Hollanda vol. 2

Chico Buarque Album


Chico Buarque de Hollanda vol. 2 (1967)
1967
1.
Noite dos Mascarados (feat. Os Três Moraes)
2.
3.
Com Açúcar, com Afeto (feat. Jane Moraes)
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
. . .


(Chico)
Quem é você?

(Elis)
Adivinha se gosta de mim

(Coro)
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim

(Chico)
Quem é você?, diga logo

(Elis)
Que eu quero saber o seu jogo

(Chico)
Que eu quero morrer no seu bloco

(Elis)
Que eu quero me arder no seu fogo

(Chico)
Eu sou ceresteiro, poeta e cantor

(Elis)
O meu tempo inteiro só penso no amor

(Chico)
Eu tenho um pandeiro

(Elis)
Só quero um violão

(Chico)
Eu nado em dinheiro

(Elis)
Não tenho um tostão
Fui porta-estandarte, não sei mais dançar

(Chico)
Eu, modéstia à parte, nasci para sambar

(Elis)
Eu sou tão menina

(Chico)
Meu tempo passou

(Elis)
Eu sou Colombina

(Chico)
Eu sou Pierrot

(Coro)
Mas é Carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar
Deixa o barco correr
Deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira
Que você quiser
O que você pedir, eu lhe dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser

. . .


Essa morena quer me transtornar
Chego em casa me condena
Me faz fita, me faz cena
Até cansar
Logo eu, bom indivíduo
Cumpridor fiel e assíduo
Dos deveres do meu lar
Essa morena de mansinho me conquista
Vai roubando gota a gota
Esse meu sangue de sambista

Essa menina quer me transformar
Chego em casa, olha de quina
Diz que já me viu na esquina
A namorar
Logo eu, bom funcionário
Cumpridor dos meus horários
Um amor quase exemplar
A minha amada
Diz que é pra eu deixar de férias
Pra largar a batucada
E pra pensar em coisas sérias
E qualquer dia
Ela ainda vem pedir, aposto
Pra eu deixar a companhia
Dos amigos que mais gosto

E tem mais isso:
Estou cansado quando chego
Pego extra no serviço
Quero um pouco de sossego
Mas não contente
Ela me acorda reclamando
Me despacha pro batente
E fica em casa descansando

. . .


Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê
Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa

Você diz que é um operário
Sai em busca do salário
Pra poder me sustentar
Qual o quê
No caminho da oficina
Há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê

Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol

Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar

Quando a noite enfim lhe cansa
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
Qual o quê
Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração

E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer
Qual o quê
Logo vou esquentar seu prato
dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você

. . .


Dia que eu não sou de respeito
Diz que não dá jeito
De jeito nenhum
Diz que eu sou subversivo
Um elemento ativo
Feroz e nocivo
Ao bem-estar comum

Fale do nosso barraco
Diga que é um buraco
Que nem queiram ver
Diga que o meu samba é fraco
E que eu não largo o taco
Nem pra conversar com você
Mas fica
Mas fica ao lado meu
Você sai e não explica
Onde vai e a gente fica
Sem saber se vai voltar

Diga ao primeiro que passa
Que eu sou da cachaça
Mais do que do amor
Diga e diga de pirraça
De raiva ou de graça
No meio da praça, é favor
Mas fica
Mas fica ao lado meu
Você sai e não explica
Onde vai e a gente fica
Sem saber se vai voltar

Diz que eu ganho até folgado
Mas perco no dado
E não lhe dou vintém
Diz que é pra tomar cuidado
Sou um desajustado
E o que bem lhe agrada, meu bem
Mas fica
Mas fica, meu amor
Quem sabe um dia
Por descuido ou poesia
Você goste de ficar

. . .


Ninguém vai chegar do mar
Nem vai me levar daqui
Nem vai calar minha viola
Que desconsola, chora notas
Pra ninguém ouvir

Minha voz ficou na espreita, na espera
Quem dera abrir meu peito
Cantar feliz
Preparei para você uma lua cheia
E você não veio
E você não quis

Meu violão ficou tão triste, pudera
Quisera abrir janelas
Fazer serão
Mas você me navegou
Mares tão diversos
E eu fiquei sem versos
E eu fiquei em vão

. . .


Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala mas a festa continua
Suas noites sâo de gala, nosso samba inda é na rua

Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer

Quando o samba começava, você era a mais brilhante
E se a gente se cansava, você só seguia adiante
Hoje a gente anda distante do calor do seu gingado
Você só dá chá dançante, onde eu não sou convidado

Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer

O meu samba se marcava na cadência dos seus passos
O meu sono se embalava no carinho dos seus braços
Hoje de teimoso eu passo bem em frente ao seu portão
Pra lembrar que sobra espaço no barraco e no cordão

Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece nâo pode reconhecer

Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
De dourado lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia

Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer

Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade, por favor não dá na vista
Bate palma com vontade, faz de conta que é turista

Hoje o samba saiu procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais a esquece não pode reconhecer

. . .


Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar
Já vendi tanta alegria
Vendi sonhos a varejo
Ninguém mais quer hoje em dia
Acreditar no realejo
Sua sorte, seu desejo
Ninguém mais veio tirar
Então eu vendo o realejo
Quem vai levar

Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar
Quando eu punha na calçada
Sua valsa encantadora
Vinha moça apaixonada
Vinha moça casadoura
Hoje em dia já não vejo
Serventia em seu cantar
Então eu vendo o realejo
Quem vai levar

Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar
Quem comprar leva consigo
Todo encanto que ele traz
Leva o mar, a amada, o amigo
O ouro, a prata, o praça, a paz
E ded quebra leva o harpejo
De sua valsa se agradar
Estou vendendo um realejo
Quem vai levar
Quem vai levar

. . .


O rei chegou
E já mandou tocar os sinos
Na cidade inteira
É pra cantar os hinos
Hastear bandeiras
E eu que sou menino
Muito obediente
Estava indiferente
Logo me comovo
Pra ficar contente
Porque é Ano Novo

Há muito tempo
Que essa minha gente
Vai vivendo a muque
É o mesmo batente
É o mesmo batuque
Já ficou descrente
É sempre o mesmo truque
E que já viu de pé
O mesmo velho ovo
Hoje fica contente
Porque é Ano Novo

A minha nega
Me pediu um vestido
Novo e colorido
Pra comemorar
Eu disse:
Finja que não está descalça
Dance alguma valsa
Quero ser seu par
E ao meu amigo
Que não vê mais graça
Todo ano que passa
Só lhe faz chorar
Eu disse:
Homem, tenha seu orgulho
Não faça barulho
O rei não vai gostar

E quem for cego
Veja de repente
Todo o azul da vida
Quem estiver doente
Saia na corrida
Quem tiver presente
Traga o mais vistoso
Quem tiver juízo
Fique bem ditoso
Quem tiver sorriso
Fique lá na frente
Pois vendo valente
E tão leal seu povo
O rei fica contente
Porque é Ano Novo

. . .


O homem da rua
Fica só por teimosia
Não encontra companhia
Mas prá casa não vai não
Em casa a roda já mudou
Que a moda muda
A roda é triste
A roda é muda
Em volta lá da televisão

No céu a lua
Surge grande e muito prosa
Dá uma volta graciosa
Pra chamar as atenções
O homem da rua
Que da lua está distante
Por ser nego bem falante
Fala só com seus botões

O homem da rua
Com seu tamborim calado
Já pode esperar sentado
Sua escola não vem não
A sua gente
Está aprendendo humildemente
Um batuque diferente
Que vem lá da televisão

No céu a lua
Que não estava no programa
Cheia e nua, chega e chama
Prá mostrar evoluções
O homem da rua
Não percebe o seu chamego
E por falta doutro nego
Samba só com seus botões

Os namorados
Já dispensam seu namoro
Quem quer riso
Quem quer choro
Não faz mais esforço não
E a própria vida
Ainda vai sentar sentida
Vendo a vida mais vivida
Que vem lá da televisão

O homem da rua
Por ser nego conformado
Deixa a lua ali de lado
E vai ligar os seus botões
No céu a lua
Encabulada e já minguando
Numa nuvem se ocultando
Vai de volta pros sertões

. . .


Será que Cristina volta
Será que fica por lá
Será que ela não se importa
De bater na porta pra me consolar
Noite dia me pergunto
Meu assunto é perguntar
Será que Cristina volta
Sei lá se ela quer voltar

Será que Cristina volta
Será que fica por lá
Cheio de saudades suas procuro
Nas ruas quem saiba informar
Uns sorrindo fazem pouco
Outros me tomam por louco
Outros passam tão depressa
qQue não podem me escutar

Será que Cristina volta
Será que ela vai gostar
Será que nas horas mais frias
Das noites vazias não pensa em voltar?
Será que vem ansiosa
Será que vem devagar
Será que Cristina volta
Será que Cristina fica por lá . . .

. . .


Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar

Descansa um meu pobre peito
Que jamais enfrenta o mar,
Mas que tem abraço estreito, morena,
Com jeito de lhe agradar
Vem ouvir lindas histórias
Que por seu amor sonhei
Vem saber quantas vitórias, morena,
Por mares que só eu sei

Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar.
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar

Seu homem foi-se embora,
Prometendo voltar já
Mas as ondas não tem hora, morena,
De partir ou de voltar
Passa a vela e vai-se embora
Passa o tempo e vai também
Mas meu canto 'inda lhe implora, morena,
Agora, morena, vem

Morena, dos olhos d'água,
Tira os seus olhos do mar
Vem ver que a vida ainda vale
O sorriso que eu tenho
Pra lhe dar

. . .


Ai, o meu amor, a sua dor, a nossa vida
Já não cabem na batida
Do meu pobre cavaquinho
Quem me dera
Pelo menos um momento
Juntar todo sofrimento
Pra botar nesse chorinho
Ai, quem me dera ter um choro de alto porte
Pra cantar com a voz bem forte
E anunciar a luz do dia
Mas quem sou eu
Pra cantar alto assim na praça
Se vem dia, dia passa
E a praça fica mais vazia

Vem, morena,
Não me despreza mais, não
Meu choro é coisa pequena
Mas roubado a duras penas
Do coração
Meu chorinho
Não é uma solução
Enquanto eu cantar sozinho
Quem cruzar o meu caminho,
não pára não

Mas não faz mal
E quem quiser que me compreenda
Até que alguma luz acenda, este meu canto continua
Junto meu canto a cada pranto, a cada choro,
Até que alguém me faça coro pra cantar na rua

. . .


blog comments powered by Disqus



© 2011 Music World. All rights reserved.