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Caetano Veloso




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Caetano Veloso Album


Bicho (1977)
1977
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Alguém Cantando (feat. Nicinha)
. . .


Deixe eu dançar
Pro meu corpo ficar odara
Minha cara
Minha cuca ficar odara
Deixe eu cantar
Que é pro mundo ficar odara
Pra ficar tudo jóia rara
Qualquer coisa que se sonhara
Canto e danço e dará

. . .


No meu coração da mata gritou Pelé, Pelé
Faz força com o pé na África

O certo é ser gente linda
E dançar, dançar, dançar
O certo é fazendo música

A força vem dessa pedra que canta Itapuã
Fala tupi, fala iorubá

É lindo vê-lo bailando
Ele é tão pierrô, pierrô
Ali no meio da rua lá

. . .


Gente olha pro céu
Gente quer saber o um
Gente é o lugar
De se perguntar o um
Das estrelas se perguntarem
Se tantas são
Cada, estrela se espanta
À própria explosão

Gente é muito bom
Gente deve ser o bom
Tem de se cuidar
De se respeitar o bom
Está certo dizer que estrelas
Estão no olhar
De alguém que o amor te elegeu
Pra amar
Marina, Bethânia, Dolores
Renata, Leilinha
Suzana, Dedé

Gente viva
Brilhando estrelas na noite
Gente quer comer
Gente que ser feliz
Gente quer respirar ar pelo nariz
Não, meu nego, não traia nunca
Essa força não
Essa força que mora em seu coração

Gente lavando roupa
Amassando pão
Gente pobre arrancando a vida
Com a mão
No coração da mata
Gente quer prosseguir
Quer durar, quer crescer
Gente quer luzir
Rodrigo, Roberto, Caetano
Moreno, Francisco
Gilberto, João

Gente é pra brilhar
Não pra morrer de fome
Gente deste planeta do céu de anil
Gente, não entendo gente nada nos viu
Gente espelho de estrelas
Reflexo do esplendor
Se as estrelas são tantas
Só mesmo o amor
Maurício, Lucila, Gildásio
Ivonete, Agripino
Gracinha, Zezé
Gente espelho da vida
Doce mistério

. . .


Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui
Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui

Eu só quero que Deus me ajude
E o menino muito mais também
Pois a rosa é uma flor
A flor é uma rosa
E o menino não é ninguém

Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui
Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui

Há seis mil anos o homem vive feliz
Fazendo guerras e asneiras
Há seis mil anos Deus perde tempo
Fazendo flores e estrelas

Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui
Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui

Eu sou um homem sincero
Porque nasci cresci e vivo livre
Eu sou um homem sincero
Que quero morrer nascer e viver livre

Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui
Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui
Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui
Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui
Olha o menino ui
Olha o menino ui ui ui

. . .


Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante
De uma estrela que virá numa velocidade estonteante
E pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante

Depois de exterminada a última nação indígena
E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida
Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias

Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu vi
Apaixonadamente como Peri, virá que eu vi
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu vi
O axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá

Um índio preservado em pleno corpo físico
Em todo sólido, todo gás e todo líquido
Em átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiro
Em sombra, em luz, em som magnífico

Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer
Assim, de um modo explícito

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos
Surpreenderá a todos, não por ser exótico
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto
Quando terá sido o óbvio

. . .


A grande borboleta
Leve numa asa a lua
E o sol na outra

E entre as duas a seta

A grande borboleta
Seja completa -
Mente solta

. . .


Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu
Esfregando a pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu
Me falou que o mal é bom e o bem cruel

Enquanto os pelos dessa deusa tremem ao vento ateu
Ela me conta com certeza tudo o que viveu
Que gostava de política em mil novecentos e sessenta e seis
E hoje dança no frenetic Dancin' Days
Ela me conta que era atriz e trabalhou no Hair
Com alguns homens foi feliz, com outros foi mulher
Que tem muito ódio no coração, que tem dado muito amor
E espalhado muito prazer e muita dor

Mas ela ao mesmo tempo diz que tudo vai mudar
Porque ela vai ser o que quis inventando um lugar
Onde a gente e a natureza feliz
Vivam sempre em comunhão
E a tigresa possa mais do que o leão

As garras da felina me marcaram o coração
Mas as besteiras de menina que ela disse, não
E eu corri pro violão, num lamento, e a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento

. . .


Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, leãozinho
Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Gosto de te ver ao sol, leãozinho
De ter ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você
E entrar numa

. . .


Alguém cantando longe daqui
Alguém cantando longe, longe
Alguém cantando muito
Alguém cantando bem
Alguém cantando é bom de se ouvir
Alguém cantando alguma canção

A voz de alguém nessa imensidão
A voz de alguém que canta
A voz de um certo alguém
Que canta como que pra ninguém
A voz de alguém quando vem do coração
De quem mantém toda a pureza
Da natureza
Onde não há pecado nem perdão
Onde não há pecado nem perdão

. . .


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